Vem... continue caminhando em mim. Sou essa noite no deserto. Mas continue vindo, não desista. De acordo com a permanência de sua caminhada, irá enxergar uma fresta de luz. Prossiga, logo o calor chegará. Não se preocupe, não vou te deixar morrer. Nem de sede, nem de frio, nem de medo. Se percorrer o caminho em direção à porta, vai perceber se ela é larga ou não, se dá pra entrar ou está trancada. Mas não vou te deixar na solitude nem permitirei que ela te envolva. Ela é traiçoeira, faz medo fingindo que vem, mas eu não deixarei. Confia em mim? Esse deserto escuro e frio sou eu, portanto, não está sozinho. Eu não vou te deixar. Tá vendo? Abra a porta... Sol, nuvens, ventos, estrelas. Tô te mostrando que não sou tão ruim quanto imaginam. Parece assustador, contudo há calor. Basta vir e ver com seus próprios sentidos. Dizem que sou colo, acalanto, acolhimento, razão, percepção, criticidade, arrogância, calor, riso, frio, maternidade, grosseria, ambiguidade. O que vai utilizar de mim e se descobrir aqui, depende de você! Se quiser, pode ficar. Se eu quiser, pode morar. Ainda que eu não te queira, não vou te deixar. Não vou te convidar, mas se por ventura passar por mim, jamais te ignorarei. Pode até parecer que sim, mas não. Porque sou ambiguidade, lembra? Sou de bom, sou de ruim, não sou Deus, sou simples e complexa. Entre e veja. Se precisar é só vir. Se não precisar, é só vir. Se rir, é só deitar e projetar. Os laços nascerão e minhas raízes fazem de mim permanência. Talvez eu não queira que você vá, mas vou deixar-te. Prezo a liberdade; a liberdade que o amor propõe. Faço essa aliança contigo e digo: "Sim, eu aceito!". Aceito você e tudo o que traz consigo. Vem... continue caminhando em mim... Sou esse dia no deserto. Quente, seco, assustador. Mas continue vindo, não desista.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
domingo, 12 de outubro de 2014
Dono
É o tempo. O senhor de si próprio, meu e seu. Ele não faz as flores desabrochar, mas diz o quando. O quando é muito mais significante que a origem e o mérito de quem faz. Ele diz se vai ser ou não, dilui ou concretiza, voa ou enraíza, varre ou paralisa. O senhor que não tenho domínio, mostra ao meu comportamento virginiano que eu não posso controlá-lo. Bate na minha cara com plumas, me mostra que sou engano; estou enganando. É sincero. Por ele que espero. Me diga, onde a bala me crucifica com sua doçura e breve durabilidade? Vem, adoça, quebra, dilui e se torna uma em minha saliva... Já nem sinto mais o sabor, só por contar: um, dois, três, quatro. Foi. Já não é. Sou eu de novo e ainda. Tempo, generoso quando lhe convém, macio quando te compreendo e te obedeço. O senhor tem a minha gratidão, o meu perdão, minha teimosia e a minha redenção. Tempo, vem nadar em mim. Sou nascente que espera ansiosamente pra se tornar grande, transparente, funda, lagoa e te cortar de forma permanente. Ser uma com você. Tempo meu. Tempo.
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