quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O

Sou uma repetição sem fim, um círculo que gira e gira e gira, sempre encontrando arestas soltas que me propiciam novos andares. Você faz parte de uma das arestas que tive a desatenção de tomar. 

Tão despretensiosa como nunca. "Nunca" é bastante absolutista, coisa que eu nego; agora, cabe. Vem um todo novo, uma "eu" inusitada, autêntica. Porque eu me jurei pra mim que a pessoa a qual eu abriria esse meu tão bem guardado coração e todas suas atribuições, seria alguém que entende o que é "chá de habú", alguém que eu não precise fingir, que eu possa até fazer cena, sobretudo que eu possa ser. Em dois mil e dezesseis; em dois mil e dezessete; em fevereiro.
Eu não preciso de me fazer "não eu" pra me sentir bem.
E sinceramente, é só por isso que dançamos
Eu bem gosto de quem sou e amo me desbravar
Falo tanto de mim agora, só pelo fato de me saber quem sou
Talvez por isso, sinta prazer em descobrir a ti
Descobrir-te
Descobrir-me
Desnudados
Tato
Toque
Pele
Meu Sol que tomei como particular
Que é tão grandesco 

Que é meu pra mim
Mas seu e do mundo inteiro
E abarca

E abraça
E sente
E quente
Acalanta

Eu, auto-intitulada "minhas regras"
Faço assim igual
Saio da vala
E entramos na nossa
Particular também
Do nosso [...],
A gente é quem sabe
Pequeno
Licença,
Poética

Terminei de falar
Com as minhas letras digitais

Ainda minhas


sábado, 31 de outubro de 2015

Certo dia me disseram que eu me enfeitar toda por fora não me faria encontrar as respostas para minhas indagações. Quando dei ouvido e deixei meu constante questionamento tomando um chá distraidamente, minha vista deixou de ser nublada e o sol apareceu, um clarão com as respostas nas nuvens não mais carregadas. Com a chegada ensolarada do céu aberto, exprimiu-se de mim, em réplica ao Sol, uma luz que não tinha cor; só luz.
Ai leão, você anda me fazendo um bem tão grandesco que eu nem me preocupo fazer certo ou errado; eu faço. A confiança jamais reconhecida, o ego em penitência, massacrado por minha boa conduta virginiana, anda dando o ar da graça. Ontem até me admirei: consegui achar bonita aquela ali refletida! Nunca diria isso, mas passei em frente ao espelho e ali fiquei, não conseguia tirar os olhos de mim; acho que me apaixonei. Me reconhecer assim, de fora pra dentro, tem sido uma aventura que filme com Steven Seagal nenhum combate.
Eu apaixonada funciono tão bem. Até quando levo uma rasteira que me tira a eira, consigo cair em rolinho e ficar de pé de novo, mas aproveito a passagem lá por baixo que também me faz bem. Sobretudo, eu apaixonada por alguém que admiro tão genuinamente que me faz tão eu, tão eu em descoberta e transitando de lá pra cá e ser meu combustível para tal, sem nem saber.
Te olho e te pertenço.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

ai, coração

Estava eu com os olhos voltados para fora, para a paisagem, para o que passava; mas estava a olhar para dentro todo o tempo. Meus olhos se estenderam às mãos, ao tronco, até aos cabelos que eram agitados pelo sopro vindo da janela, ou seria esse sopro de mim também? Além de alforria, é uma paz que me rege quando te tenho perto. É o escândalo mais sereno que já conheci, como ondas magnéticas desenhadas, cheia de cores vibrantes que escorrem doce. Docemente existentes são os teus olhos que são meus toda vez que os vejo. São de uma candura... Mora em ti um coração além de humano, além de humano. Te enxergo como a bondade personificada só por respirar. Gosto da sua paz, do que te interessa, da sua calma, da sua lerdeza, dos sonhos que são cantados pela sua voz - gosto dela também. Te ver sonhar e caminhar para lá é um dos meus maiores prazeres hoje. Desligo a TV, dou descarga no celular, dou folga às unhas roídas só pra te olhar, te assistir. Nada é tão espetacular quanto você. O espetáculo mais generoso e gentil. Ainda falando de olhos, o espaço que tem para os meus aqui é de admiração: espectadores apaixonados. A gente se toca ao olharmo-nos. Quero cruzar seu caminho por toda a minha existência. Você me faz ser bem. Vestido com a capacidade de me atravessar e deixar a minha terra que é rocha, aerada, porosa e mais leve. Você me faz bem, coração.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Me pus debaixo do chuveiro pra minhas lágrimas se misturarem com a água que escorre e se confundirem. Assim, eu não saberia mais quem estava chorando. Mas esse choro é salgado e carregado; ainda sou eu quem choro. Não dá pra ficar pra sempre debaixo do chuveiro, que falta de sorte a minha.
A dualidade se impõe novamente à minha frente. Minha intuição é infalível e começou a apitar há alguns dias para um aspecto contrário do que eu já havia sido sinalizada pela mesma. Agora que encontrei o que procurava (sem querer enxergar), ela continua me encorajando a não deixar de te querer, que mais tem pra ver. Mas o que é que eu quero, afinal? Tudo? Nada? Quase? Talvez? Agora não é hora pra isso. Quando será? Uma hora eu vou ter que me posicionar diante a mim e me conversar, me entender comigo e trocar a vela do barco pra não parar de navegar. Agora ancorei e tô boiando. Fui sendo ninada pelo balanço das águas, águas que agora estão agitadas, enfurecidas como que se fosse comigo. Essa água tá salgada agora também. Quero agora o poder de andar sobre as águas e sair correndo daqui, o mais veloz possível, mas não posso. Minha missão é ficar a bordo e negociar com o mar pra que  fiquemos bem em convivência, harmonicamente. Mas a revolta tá girando e girando e girando, causa vertigem, furacão com pedaços de fogo, o que vem nele bate em mim como chicotes.
Sem metáfora: eu só queria ir  pra longe até me resolver comigo mesma. Mas preciso pegar um ônibus com pessoas desconhecidas e disfarçar o meu choro. Tenho ensaio. Tenho leitura. Tenho compromisso. Tenho que pensar. Tenho que ser educada. Tenho que ser uma boa pessoa. Tenho que ter equilíbrio. Quero paz.

domingo, 25 de outubro de 2015

desconexa; caótica

Tenho tantas perguntas  a lhe fazer. Se eu te disser que não quero resposta, não acredite em mim; é que eu minto. Minto pra mim, pra você, pra mim, pra todo mundo e pra mim também. Resposta tem gosto de sorriso. Enquanto silencia, me propõe elucubração a ponto de produzir teses, sínteses de vida, todas mentirosas. Nem uma dá certo, nenhuma é efetiva. 
Se eu vejo um ninho de passarinho nos teus olhos, vou soprar pra desfazê-lo em arco-íris; como soprarei meus próprios olhos? O espelho me reflete, mas não sou eu. Eu sou eu olhando daqui pra lá. O espelho é mentira também. Tudo sempre será a mesma coisa até que eu decida que não seja mais. A palavra "sempre" me soa perigosa. Coisas determinantes me assustam, exceto a morte. A morte é um passeio e quem é que não gosta de passear? Você faz o seu passeio e eu faço o meu, mas existe a opção de fazermos nosso passeio. O caminho do passeio é feito aqui porque a vida é a morte; a vida justifica a morte. Morremos todos os dias um pouco. Quero morrer bem, quero escolher minhas mortes; quero morrer pelo o que morro. Falar de morte não me assusta e nem me soa perigoso. A morte é um passeio.
Estou pulando de parágrafo e de assunto. Eles se disparam com tanta velocidade que não consigo organizá-los. Calma. Não se julga. Calma. Uso muitos pontos. Calma. Escrevo cinco palavra e lá vem mais um. Não se julgue. Esse assunto é só um subtexto. Mais um ponto. Outro parágrafo.
Você pode me responder? Reagir? Te jogo a bola e to correndo pra lá e pra cá pra mantê-la em movimento, no ar. Sabe que eu preciso mesmo é de dinâmica? Se eu te jogo a bola e toda vez você me rebate... chato. Sabe que não tô reclamando, é a minha escolha. Sabe que eu tô bem gostando disso? E não adianta eu querer fazer com que me entendam, eu tô só amando tudo. Não quero dar nomes porque não sei fazê-lo. Mas sabe que seu nome foi substituído por "meu namorado"? Não, né? Nem vai saber, sabe... Sabe que adoro morar em você? Sabe que ando descobrindo meu ego e aprendendo que eu talvez possa sim ter um, sem necessariamente ferir-me aos outros. Ah... você.... sabe? Você... Quero que fique. Nunca fui tão ousadamente sincera com o meu amor e tô aqui jogando pro mundo.
Quando eu puder voar, é praí que eu vou. Aí mesmo, onde você que tá lendo está. Não sei onde é mas isso me fascina. Fascinante. Ta aí uma palavra que eu bem gosto. Fascínio. Ela escorrega. Fala aí também pra sentir: FASCÍNIO. Hum... Tem gosto de... 
No meu espelho eu te vejo dentro dos meus olhos que não são eu. Quando me olho profundamente, choro; toda vez eu choro. Me emociono comigo porque consigo olhar-me profundamente por fora, sem ser eu, aí me vejo.
Gosto de criar algumas regras, principalmente a regra de não ter regra. Por exemplo, o português brasileiro é bem chatão e aí, temos que escrever como quem quer impressionar alguém que nem sei quem é. {Aí eu escrevo e pontuo do jeito que eu quiser]. essa história de letra maiúscula depois do ponto também às vezes me enche o saco então nem vírgula aqui vou colocar p o r q u e é a minha escrita e minha regra de não ter regra ^ inclusive o p o r q u e espaçado.... aí você decide como quer classificá-lo como %por que* ou -porque< ou !por quê". escolhas
Me diz um "oi" que eu te dou a minha vida bem facinho. Te dou a minha vida com gargalhadas de chocolate grudado no dente da frente, com gula de tolices. Passeia em mim e fique por aqui. Se não desejasse a permanência, certamente nem te convidaria.
Eu minto. Mas dessa vez acho que é verdade. Eu te amo. Ponto.

domingo, 9 de agosto de 2015

Paira

É que meu corpo reagiu de forma inusitada. Não havia só borboletas no meu estômago. A voracidade das asas batendo era tanta que chuto algumas águias e urubus e papagaios  e araras, pelo menos. Elas voavam agitadas em folia querendo ultrapassar a lei de Newton que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço; elas desafiaram a física e todas as leis do meu corpo. Quando eu te vi sentado, é como se Beethoven tocasse e hipnotizadas todas elas. Já não voavam mais em quinas; voava em voltas redondas. Uma plena coreografia regida por qualquer coisa orgânica. Havia dança! Fui ficando molinha, molinha... Outra dimensão me visitou. Prisma!
É que meu corpo tem mania de astúcia contra as tuas ruas, a fluência que vaza feito os granulados das trincheiras. Pra onde eu vou se não pra dentro de ti, que se apresenta com olhos piscianos os quais eu tenho imenso apreço? Os quais eu me derreto quando sorri mesmo sem boca, mesmo quando não me sorri, mas sorri... Pro mundo, pro outro, me provando que o aéreo na terra existe e me carrega consigo no seu alçar, paira... E dúvidas deixam de pairar e voam, se espalham, expelem de mim, suspende na atmosfera-mundo tornando-se poeira e são arrastadas, dissipadas. O desconcerto bordado de incerteza que me apresenta é tão sutilmente belo, genuíno, livre. Só posso parar onde estiver e admirar; contemplo. Capaz até de me carregar pro céu, o senhor Céu que me mantém apaixonada dia após dia, todo dia de um modo inusitado. Pressuponho que cheguei à um ponto: você é céu pra mim! Quisera ser anjo, ave ou qualquer capaz de visitá-lo imageticamente mais perto. Penso que o que não sou terra, sou céu; se não piso, é céu também. É você e eu; eu em ti e tu em mim.

domingo, 26 de abril de 2015

Dos meus olhos

A menina dos meus olhos me intrigou desde a primeira respiração compartilhada de ambiente amplo. Me atingiu como água faz arte em tinta aquarela; me escorreu; me escoou. Veio como um soco que sopra uma pancada doce. A menina tem os olhos mais lindos de se ver por de trás da cabeleira que apruma seu mistério que me intriga. Os meus olhos só são olhos porque viram os olhos dela; constatei o que são olhos à sua existência perfumada que acalantou o meu peito e levou consigo a minha voz. Minha voz só é escrita, por isso escrevo. És tão intrigante que me deixa num impasse tremendo do que fazer, do que mostrar, do que ser, do que sou, o que querer. Quanto tempo já passou? Quando é que vai embora? Você vai embora? Intrigante... Não me diz nada e se instalou que eu nem vi. Pulou meu muro, sentou-se no sofá, pegou minhas pipocas e me sorri. Um abalo inexplicável; é sensitivo. Meu sensorial se justifica depois que te vi e quis saber onde você estava todo esse tempo que não debaixo do mesmo teto que o eu. Agora que te vi umas poucas vezes na vida, o seu teto sou eu. Eu te vi, você não. Você não viu que eu te vi e nem me viu, mas eu vi que você não me viu e te vi mesmo assim. Permaneço te vendo. Meu intelecto quer respostas lógicas; meu sensorial só é capaz de responder fazendo. Independente, sou seu teto porque moras aqui. Se eu a vi, és minha.