Me pus debaixo do chuveiro pra minhas lágrimas se misturarem com a água que escorre e se confundirem. Assim, eu não saberia mais quem estava chorando. Mas esse choro é salgado e carregado; ainda sou eu quem choro. Não dá pra ficar pra sempre debaixo do chuveiro, que falta de sorte a minha.
A dualidade se impõe novamente à minha frente. Minha intuição é infalível e começou a apitar há alguns dias para um aspecto contrário do que eu já havia sido sinalizada pela mesma. Agora que encontrei o que procurava (sem querer enxergar), ela continua me encorajando a não deixar de te querer, que mais tem pra ver. Mas o que é que eu quero, afinal? Tudo? Nada? Quase? Talvez? Agora não é hora pra isso. Quando será? Uma hora eu vou ter que me posicionar diante a mim e me conversar, me entender comigo e trocar a vela do barco pra não parar de navegar. Agora ancorei e tô boiando. Fui sendo ninada pelo balanço das águas, águas que agora estão agitadas, enfurecidas como que se fosse comigo. Essa água tá salgada agora também. Quero agora o poder de andar sobre as águas e sair correndo daqui, o mais veloz possível, mas não posso. Minha missão é ficar a bordo e negociar com o mar pra que fiquemos bem em convivência, harmonicamente. Mas a revolta tá girando e girando e girando, causa vertigem, furacão com pedaços de fogo, o que vem nele bate em mim como chicotes.
Sem metáfora: eu só queria ir pra longe até me resolver comigo mesma. Mas preciso pegar um ônibus com pessoas desconhecidas e disfarçar o meu choro. Tenho ensaio. Tenho leitura. Tenho compromisso. Tenho que pensar. Tenho que ser educada. Tenho que ser uma boa pessoa. Tenho que ter equilíbrio. Quero paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário