sábado, 31 de outubro de 2015

Certo dia me disseram que eu me enfeitar toda por fora não me faria encontrar as respostas para minhas indagações. Quando dei ouvido e deixei meu constante questionamento tomando um chá distraidamente, minha vista deixou de ser nublada e o sol apareceu, um clarão com as respostas nas nuvens não mais carregadas. Com a chegada ensolarada do céu aberto, exprimiu-se de mim, em réplica ao Sol, uma luz que não tinha cor; só luz.
Ai leão, você anda me fazendo um bem tão grandesco que eu nem me preocupo fazer certo ou errado; eu faço. A confiança jamais reconhecida, o ego em penitência, massacrado por minha boa conduta virginiana, anda dando o ar da graça. Ontem até me admirei: consegui achar bonita aquela ali refletida! Nunca diria isso, mas passei em frente ao espelho e ali fiquei, não conseguia tirar os olhos de mim; acho que me apaixonei. Me reconhecer assim, de fora pra dentro, tem sido uma aventura que filme com Steven Seagal nenhum combate.
Eu apaixonada funciono tão bem. Até quando levo uma rasteira que me tira a eira, consigo cair em rolinho e ficar de pé de novo, mas aproveito a passagem lá por baixo que também me faz bem. Sobretudo, eu apaixonada por alguém que admiro tão genuinamente que me faz tão eu, tão eu em descoberta e transitando de lá pra cá e ser meu combustível para tal, sem nem saber.
Te olho e te pertenço.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

ai, coração

Estava eu com os olhos voltados para fora, para a paisagem, para o que passava; mas estava a olhar para dentro todo o tempo. Meus olhos se estenderam às mãos, ao tronco, até aos cabelos que eram agitados pelo sopro vindo da janela, ou seria esse sopro de mim também? Além de alforria, é uma paz que me rege quando te tenho perto. É o escândalo mais sereno que já conheci, como ondas magnéticas desenhadas, cheia de cores vibrantes que escorrem doce. Docemente existentes são os teus olhos que são meus toda vez que os vejo. São de uma candura... Mora em ti um coração além de humano, além de humano. Te enxergo como a bondade personificada só por respirar. Gosto da sua paz, do que te interessa, da sua calma, da sua lerdeza, dos sonhos que são cantados pela sua voz - gosto dela também. Te ver sonhar e caminhar para lá é um dos meus maiores prazeres hoje. Desligo a TV, dou descarga no celular, dou folga às unhas roídas só pra te olhar, te assistir. Nada é tão espetacular quanto você. O espetáculo mais generoso e gentil. Ainda falando de olhos, o espaço que tem para os meus aqui é de admiração: espectadores apaixonados. A gente se toca ao olharmo-nos. Quero cruzar seu caminho por toda a minha existência. Você me faz ser bem. Vestido com a capacidade de me atravessar e deixar a minha terra que é rocha, aerada, porosa e mais leve. Você me faz bem, coração.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Me pus debaixo do chuveiro pra minhas lágrimas se misturarem com a água que escorre e se confundirem. Assim, eu não saberia mais quem estava chorando. Mas esse choro é salgado e carregado; ainda sou eu quem choro. Não dá pra ficar pra sempre debaixo do chuveiro, que falta de sorte a minha.
A dualidade se impõe novamente à minha frente. Minha intuição é infalível e começou a apitar há alguns dias para um aspecto contrário do que eu já havia sido sinalizada pela mesma. Agora que encontrei o que procurava (sem querer enxergar), ela continua me encorajando a não deixar de te querer, que mais tem pra ver. Mas o que é que eu quero, afinal? Tudo? Nada? Quase? Talvez? Agora não é hora pra isso. Quando será? Uma hora eu vou ter que me posicionar diante a mim e me conversar, me entender comigo e trocar a vela do barco pra não parar de navegar. Agora ancorei e tô boiando. Fui sendo ninada pelo balanço das águas, águas que agora estão agitadas, enfurecidas como que se fosse comigo. Essa água tá salgada agora também. Quero agora o poder de andar sobre as águas e sair correndo daqui, o mais veloz possível, mas não posso. Minha missão é ficar a bordo e negociar com o mar pra que  fiquemos bem em convivência, harmonicamente. Mas a revolta tá girando e girando e girando, causa vertigem, furacão com pedaços de fogo, o que vem nele bate em mim como chicotes.
Sem metáfora: eu só queria ir  pra longe até me resolver comigo mesma. Mas preciso pegar um ônibus com pessoas desconhecidas e disfarçar o meu choro. Tenho ensaio. Tenho leitura. Tenho compromisso. Tenho que pensar. Tenho que ser educada. Tenho que ser uma boa pessoa. Tenho que ter equilíbrio. Quero paz.

domingo, 25 de outubro de 2015

desconexa; caótica

Tenho tantas perguntas  a lhe fazer. Se eu te disser que não quero resposta, não acredite em mim; é que eu minto. Minto pra mim, pra você, pra mim, pra todo mundo e pra mim também. Resposta tem gosto de sorriso. Enquanto silencia, me propõe elucubração a ponto de produzir teses, sínteses de vida, todas mentirosas. Nem uma dá certo, nenhuma é efetiva. 
Se eu vejo um ninho de passarinho nos teus olhos, vou soprar pra desfazê-lo em arco-íris; como soprarei meus próprios olhos? O espelho me reflete, mas não sou eu. Eu sou eu olhando daqui pra lá. O espelho é mentira também. Tudo sempre será a mesma coisa até que eu decida que não seja mais. A palavra "sempre" me soa perigosa. Coisas determinantes me assustam, exceto a morte. A morte é um passeio e quem é que não gosta de passear? Você faz o seu passeio e eu faço o meu, mas existe a opção de fazermos nosso passeio. O caminho do passeio é feito aqui porque a vida é a morte; a vida justifica a morte. Morremos todos os dias um pouco. Quero morrer bem, quero escolher minhas mortes; quero morrer pelo o que morro. Falar de morte não me assusta e nem me soa perigoso. A morte é um passeio.
Estou pulando de parágrafo e de assunto. Eles se disparam com tanta velocidade que não consigo organizá-los. Calma. Não se julga. Calma. Uso muitos pontos. Calma. Escrevo cinco palavra e lá vem mais um. Não se julgue. Esse assunto é só um subtexto. Mais um ponto. Outro parágrafo.
Você pode me responder? Reagir? Te jogo a bola e to correndo pra lá e pra cá pra mantê-la em movimento, no ar. Sabe que eu preciso mesmo é de dinâmica? Se eu te jogo a bola e toda vez você me rebate... chato. Sabe que não tô reclamando, é a minha escolha. Sabe que eu tô bem gostando disso? E não adianta eu querer fazer com que me entendam, eu tô só amando tudo. Não quero dar nomes porque não sei fazê-lo. Mas sabe que seu nome foi substituído por "meu namorado"? Não, né? Nem vai saber, sabe... Sabe que adoro morar em você? Sabe que ando descobrindo meu ego e aprendendo que eu talvez possa sim ter um, sem necessariamente ferir-me aos outros. Ah... você.... sabe? Você... Quero que fique. Nunca fui tão ousadamente sincera com o meu amor e tô aqui jogando pro mundo.
Quando eu puder voar, é praí que eu vou. Aí mesmo, onde você que tá lendo está. Não sei onde é mas isso me fascina. Fascinante. Ta aí uma palavra que eu bem gosto. Fascínio. Ela escorrega. Fala aí também pra sentir: FASCÍNIO. Hum... Tem gosto de... 
No meu espelho eu te vejo dentro dos meus olhos que não são eu. Quando me olho profundamente, choro; toda vez eu choro. Me emociono comigo porque consigo olhar-me profundamente por fora, sem ser eu, aí me vejo.
Gosto de criar algumas regras, principalmente a regra de não ter regra. Por exemplo, o português brasileiro é bem chatão e aí, temos que escrever como quem quer impressionar alguém que nem sei quem é. {Aí eu escrevo e pontuo do jeito que eu quiser]. essa história de letra maiúscula depois do ponto também às vezes me enche o saco então nem vírgula aqui vou colocar p o r q u e é a minha escrita e minha regra de não ter regra ^ inclusive o p o r q u e espaçado.... aí você decide como quer classificá-lo como %por que* ou -porque< ou !por quê". escolhas
Me diz um "oi" que eu te dou a minha vida bem facinho. Te dou a minha vida com gargalhadas de chocolate grudado no dente da frente, com gula de tolices. Passeia em mim e fique por aqui. Se não desejasse a permanência, certamente nem te convidaria.
Eu minto. Mas dessa vez acho que é verdade. Eu te amo. Ponto.